domingo, 15 de agosto de 2010

Vinícios de Morais



Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes
Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes aos nove anos de idade parece que pressente o poeta: vai, com a irmã Lygia ao cartório na Rua São José, centro do Rio, e altera seu nome para Vinicius de Moraes. Nascido em 19-10-1913, na Rua Lopes Quintas, 114 — bairro da Gávea, na Cidade Maravilhosa, desde cedo demonstra seu pendor para a poesia. Criado por sua mãe, Lydia Cruz de Moraes, que, dentre outras qualidades, era exímia pianista, e ao lado do pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta bissexto, Vinicius cresce morando em diversos bairros do Rio, infância e juventude depois contadas em seus versos, que refletiam o pensamento da geração de 1940 em diante.
Disse Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes". Otto Lara Resende assim o definiu: "Manuel Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no Recife. João Cabral continua ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca deixou de ser mineiro. Vinicius é um poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o único poeta carioca". Mas ele dizia nada mais ser que "um labirinto em busca de uma saída".
Confira essa bela poesia de muitas do autor:
A rosa de Hiroxima


Pensem nas crianças

Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

domingo, 1 de agosto de 2010

Raimundo Nonato da Silva.


 Raimundo Ponte Nova

Raimundo Ponte Nova, como era chamado pelos amigos, foi uma pessoa simples, fez até a 4.ª série Primária, mas lia muito.
Suas poesias abarcam temas variados do cotidiano, fala muito de amores e da vida, com cor social e política.
Morador da cidade de Viçosa e funcionário da UFV, Universidade Federal de Viçosa, Raimundo Nonato da Silva era de Ponte Nova, antes de se mudar para Viçosa.
Era neto de índio e casado com Francisca Alves da Silva, a dona Chiquinha, contadora de histórias. Morreu em dezembro de 2004, aos 64 anos, deixando quatro filhos, Deixou também seu xodó Juliana, a bicicleta que tinha nome e o levava para todas as partes.
Marido que levava flores para a esposa, por qualquer motivo ou nenhum, conta saudosa dona Chiquinha.
Confira uma de suas belíssimas poesias:
REVOLTA
Raimundo Ponte Nova
Sabe, Aguinaldo,
Hoje acordei alegre
Na porta do quarto chutei o gato
E enchi o pé na traseira do cachorro.
Saí pra rua e enchi a cara
e no boteco do Moreira bebi todas
a que tinha direito.
Xinguei o padre quando passei por ele,
E mandei um mendigo pro inferno
Quando me pediu uma esmola.
Mostrei meu contra-cheque aos comerciantes
Encerrei uma discussão com a pelegada que
Estava trabalhando no campus.
Dei uma banana e risquei palavrões
Ao pessoal que assistia à assembléia
Debruçado nas janelas dos prédios em frente.
Gritei como um louco, agitei
Pulei de alegria no boteco do Téco
e paguei tudo pra todos que estavam lá.
Sabe o porquê da minha alegria?
Aconteceu o que eu previa,
Por isso estou pelegando.
A greve que se dane e se afunde
Eu quero é me arrumar
Afinal fui nomeado chefe de seção.
Mais detales no site da UFV.